O computador desktop irá morrer – lenta, mas inexorável – há algum tempo: para consumidores médios, a combinação de mobilidade e bom preço que os laptops oferecem se torna cada vez mais atraente. E os números mostram que a previsão estava certa: neste ano, a venda de laptops vai ultrapassar os desktops no país pela primeira vez. Mas essa mudança no mercado de PCs pode ser ruim para a indústria brasileira. Por quê?
Porque as fabricantes brasileiras sofrem para acompanhar a concorrência das estrangeiras. Segundo Ivair Rodrigues, diretor de Estudos de Mercado da IT Data (e responsável pelos dados da Abinee), para montar desktops as fabricantes brasileiras compram peças no Brasil, algumas de fabricantes locais. Só que, para montar notebooks, elas normalmente importam kits, que precisam ser comprados em quantidade maior e pagos à vista.
Como é necessário mais dinheiro para entrar no mercado de notebooks, pequenas fabricantes brasileiras praticamente ficam de fora, e grandes fabricantes nacionais – como a Positivo – ficam numa situação apertada, tendo que reduzir lucros pra concorrer no mercado. No terceiro trimestre, o lucro da Positivo despencou 74,1%.
Segundo a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), em 2010 devem ser vendidos 7,15 milhões de notebooks e 6,85 milhões de computadores de mesa. É a primeira vez que laptops ultrapassam os desktops em vendas: em 2009, foram vendidos 5,15 milhões de laptops e 6,85 milhões de desktops.
O desktop não vai sumir de uma hora para outra. Como bem explica Luiz Mascarenhas, diretor de produtos de consumo da HP, existem certos perfis de usuário que preferem o desktop: quem trabalha com arquitetura, editoração – e claro, PC gamers. Mas à medida que aparelhos móveis ganham espaço no mercado – notebooks, netbooks, smartphones, tablets – aquele gabinete desajeitado no canto da sala tem cada vez menos motivo para existir