As duas situações foram simples: primeiro, no jogo da Inglaterra, um chute de Lampard, quando jogo estava 2 a 1 para a Alemanha, ultrapassou por quase meio metro a linha do gol. O bandeirinha não viu. A Inglaterra perdeu de 4 a 1.
Como já mostramos por aqui, as duas situações poderiam ter um final mais feliz para os mexicanos e ingleses.
Lá vem o chip
O primeiro caso é o mais simples e já foi testado pela FIFA. Colocar um chip dentro da bola não parece algo complexo e eliminaria um dos problemas do árbitro. Como lembrou Leonardo Bertozzi, comentarista da ESPN,esse tipo de lance ocorre poucas vezes. Isso é verdade. Mas acontecer nas oitavas de final da Copa do Mundo é frustrante.
“É óbvio que depois do que vivemos até agora seria um absurdo não reabrir a discussão sobre o uso da tecnologia no encontro da FA Board em julho. A princípio, só vamos discutir o uso na linha do gol.”
A princípio, não há razões para não usar o chip no futebol. O jogo não teria pausas, um apito no relógio indicaria ao árbitro que a bola entrou, e a Inglaterra teria empatado o jogo em três minutos, mudando completamente a história da partida.
O único argumento válido contra a tecnologia é o alto custo. A Penalty já tem bolas com chip para jogos de vôlei, produzidas pela empresa 3RCorp, mas o preço para instalação e manutenção do sistema é de 30 mil reais por jogo. Cabe a FIFA descobrir um jeito de baratear os custos do uso do chip, já que o ideal é que a tecnologia esteja presente em pelo menos todas as divisões principais do mundo.
Pelo menos, sabemos que a FIFA irá discutir o assunto, e que finalmente ela entendeu o caso como um problema real. O erro absurdo da arbitragem contra a Inglaterra pode ter feito um enorme favor ao esporte.
Já os impedimentos...
Como nós já discutimos, colocar certas tecnologias no futebol não é tão simples assim. E não por causa da tecnologia, que já está pronta para ajudar, mas sim em razão da dinâmica e subjetividade do esporte. Ninguém quer que o jogo pare o tempo todo, e não parece correto colocar em questão escolhas do juiz que dependem apenas de seu julgamento, como lances de expulsão, bola na mão etc. Pensando nisso, Blatter foi enfático ao falar do erro que aconteceu no jogo entre Argentina e México:
"A única base que nós vamos trazer de volta para discussão é a tecnologia da linha do gol. Futebol é um jogo que nunca para, e se no momento houver uma discussão se a bola estava dentro ou fora, ou se era uma oportunidade clara de clara, nós damos uma possibilidade para uma equipe chamar por replays uma ou duas vezes, como no tênis? Para situações como no jogo do México, você não precisa de tecnologia."
Mas talvez ele esteja exagerando. Ao menos discutir a possibilidade de VTs em lances que não precisam do julgamento do árbitro é preciso. E não há razão para o jogo parar por tanto tempo. Ironicamente, a própria FIFA mostrou isso ao deixar o replay do impedimento passar no telão do estádio! Foram necessários poucos segundos para o juiz conversar com o bandeira e decidir se eles usariam o que viram no telão ou não.
Vídeo feito pelo jornalista Mauro Beting mostra o exato momento em que o telão mostra o replay
Ou seja, se a tecnologia usada para transmitir os jogos pudesse ser utilizada em lances capitais de impedimento, pouco tempo seria gasto. O juiz não precisaria olhar para o telão, um possível quinto árbitro ficaria assistindo o jogo em várias telas, com vários ângulos, e avisaria via rádio algum erro, instantaneamente, sem perda de tempo.
A tecnologia parece não ser mais um vilão para o futebol. O argumento de que o jogo perde a graça está perdendo força: ninguém achou interessante para a discussão de bar os dois lances, que roubaram a cena dos jogos. Hoje, durante a transmissão de Japão e Paraguai, o narrador da Globo, Luís Roberto, lembrou de quando a FIFA era completamente contra o placar eletrônico nos estádios, há 30 anos atrás. Se isso parece loucura, talvez daqui 20 anos nossos filhos nos questionem: “por que diabos a FIFA não queria colocar chips e VTs no futebol? Isso não faz o menor sentido!”
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