Em cerimônia hoje em Brasília, o presidente Lula fez questão de se colocar a favor de Julian Assange, o editor-chefe do Wikileaks, procurado pela Interpol e preso depois de revelar telegramas secretos da diplomacia dos EUA. "Ele estava apenas colocando o que ele leu. E se ele leu, porque alguém escreveu, o culpado não é quem divulgou. (...) Wikileaks, minha solidariedade pela divulgação das coisas e meu protesto contra [o cerceamento à] liberdade de expressão."
Sim, vendo o vídeo vê-se que o Lula repetiu algumas que era "contra a liberdade de expressão", mas ele quis dizer, pelo contexto, que é contra quem é contra. Santa dupla negativa, presidente! No próprio Blog do Planalto lê-se a mensagem inteira:
Ô, Stuckinha (Ricardo Stuckert, fotógrafo oficial da Presidência), pode colocar no Blog do Planalto o primeiro protesto, então, contra [o cerceamento à] a liberdade de expressão na internet, para a gente poder protestar, porque o rapaz estava apenas colocando aquilo que ele leu. E se ele leu porque alguém escreveu, o culpado não é quem divulgou, o culpado é quem escreveu. Portanto, em vez de culpar quem divulgou, culpe quem escreveu a bobagem, porque senão não teria o escândalo que tem. Então, Wikileaks, minha solidariedade pela divulgação das coisas e meu protesto contra [o cerceamento à] da liberdade de expressão.
Lula é dos primeiros chefes de Estado que temos notícia que se coloca tão vocalmente a favor dos vazamentos promovidos pelo Wikileaks (Putin, da Rússia, fez coisa parecida, ironizando os EUA). A perseguição pela polícia internacional e consequente prisão de Assange, justificada por um processo de "sexo por surpresa", uma forma de estupro pela legislação sueca, causou revolta a diversos grupos, e chegou ao ponto de diversos hackers (organizados ou não) promoverem ataques a organizações, empresas e pessoas que se colocaram contra o Wikileaks. Concorde ou não com o presidente (a questão está longe de ser simples, e mesmo aqui dentro do blog temos opiniões diversas), pelo menos há algo reconfortante: os sites oficiais do Brasil não devem ser alvo de cyberataques depois dessa.
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