À meia noite e um minuto — esqueça a pontualidade britânica, nada de 23h59 — um estande especial no shopping Iguatemi, em São Paulo, derrubava seus panos pretos, com uma multidão de ajudantes da Apple para guiar os compradores a duas mesas com iPads 2, os primeiros oficiais no Brasil. Atrás, uma dezena de famosos descolados em um evento organizado pela própria Apple, algo incomum nos últimos tempos. E a ideia de concentrar tudo em um só lugar surtiu efeito: a fila era longa.
A história, na realidade, repetiu vários dos passos de outros lançamentos da Apple no Brasil: alguém chegando na fila no meio da tarde, sendo o primeiro, atraindo um milhão de fotos e ganhando seus momentos de fama. A diferença, desta vez, é que Pedro Wilson, o tal número um que chegou às 15h, teve de lidar com um batalhão da imprensa, incluindo Globo, Bandeirantes e outros veículos que não costumam cobrir lançamentos de gadgets — na época do iPhone 4 e do primeiro iPad, por exemplo, só a imprensa especializada cobriu o evento.
Pedro engolido por câmeras e pelo microfone da Globo
A escolha dos “famosos posando para as fotos” também foi um pouco diferente dos últimos eventos. Se no ano passado o primeiro iPad foi recebido no shopping Higienópolis por um Zeca Camargo usando camisa havaiana, hoje o escrete era todo cool: metade da MTV (Marcelo Adnet, Marimoon, Dani Calabresa e até a ex-VJ Marina Person), Capital Inicial (é, sério), e Igor Cavalera e sua mulher discotecando com picapes e um iPad 2 do lado. Figurinhas da moda também marcaram presença. Como dessa vez nem operadoras nem varejistas organizaram o evento, coube à Apple Brasil escolher os descolados.
Escassez de aparelhos?
Centralizando o evento em um só lugar, a Apple Brasil conseguiu causar um buzz que lembrou o lançamento do primeiro iPhone (que teve Preta Gil brava por não levar um de graça, lembra?). Segundo o instituto Gizmodo de Pesquisas, cerca de 150 pessoas estavam na fila — e enquanto o Pedro Wilson comprava o seu primeiro, dezenas ainda estavam na porta de outras lojas, na fila, há metros de distância. Pela velocidade do passo, tudo indica que neste exato momento ainda há muita gente tentando levar um iPad 2 para casa. O lançamento mais veloz — com apenas três meses de diferença dos EUA e 24 semanas após o lançamento do primeiro iPad no Brasil — também contribui para o frenesi.
Porém, o excesso de exposição esbarra em uma provável decepção:
segundo o Estadão, varejistas receberam menos unidades do iPad 2 do que no lançamento da primeira versão — há relatos de que alguns deles obtiveram apenas 200 unidades do aparelho. Se há dificuldades de abastecer as lojas nos EUA, imaginamos um grande problema por aqui também.
Tirando a festança publicitária, o evento foi importante para captar alguns detalhes: a Apple parece estar mais interessada no Brasil, com evento próprio, exposição e convidados por todos os lados. A “grande imprensa”, após a viagem de Dilma à China e o tal acordo com a Foxconn, também está mais interessada, o que é importante para não deixar a tecnologia apenas em pequenos nichos. O Pedro Wilson, por exemplo, provavelmente será pauta do Jornal Hoje.
Agora o iPad 2 já está à venda em vários sites, como Fnac, Submarino e Ponto Frio. O preço varia de R$1.650 a R$2.599. Se está caro? Um dos seguranças do shopping, enquanto batia um papo com seus colegas, expressou sua posição: “dois pau e meio nessa merda. Tem que ser maluco mesmo”. Se vale a pena comprá-lo? Calma, nosso review já está saindo do forno.
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